Psicologia e a despatologização da transexualidade
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Palavras-chave

Transexualidade
Despatologização
Psicólogos.

Como Citar

da Silva, F. A., & Paiva Bezerra de Mello, I. S. (2017). Psicologia e a despatologização da transexualidade. Tempus – Actas De Saúde Coletiva, 11(1), Pág. 81–95. https://doi.org/10.18569/tempus.v11i1.1924

Resumo

A transexualidade é um fenômeno complexo e universal, ocorrendo em várias épocas e lugares diferentes na história da civilização. Na atualidade é definida como o desejo persistente de viver e ser aceito como uma pessoa do sexo oposto. Esses indivíduos podem apresentar desconforto psicológico por causa de seu sexo biológico e almejam submeter-se a cirurgias ou tratamentos hormonais para redefinirem seus corpos. O objetivo geral deste estudo foi conhecer as opiniões dos psicólogos sobre o processo de despatologização da transexualidade. A mesma foi realizada através de uma pesquisa de campo, descritiva, de natureza qualitativa e quantitativa com amostra composta por nove psicólogos clínicos de três abordagens distintas: psicanálise, cognitivo-comportamental e humanista-existencial, com mais de 10 anos de atuação. Para alcançar os objetivos propostos foram utilizados dois instrumentos: 1) questionário sócio demográfico. 2) entrevista semi-estruturada elaborado especificamente para este trabalho. Os dados coletados pelas entrevistas foram analisados pela técnica de Análise de Conteúdo Temática. Os resultados apontaram que todos os entrevistados são favoráveis ao processo de despatologização dessas identidades. Todavia, esses profissionais compreendem a experiência transexual de três formas diferentes: cientifica, vitimizadora e senso comum. Apenas uma psicóloga entrevistada atendeu transgêneros. No entanto, expressaram preparação técnica ou disponibilidade para o acompanhamento psicológico dessa população. E sobre as propostas para despatologização emitiram uma sugestão clínica e outra sociocultural. Conclui-se que o conhecimento sobre a transexualidade está em construção, devido aos entrevistados ainda confundirem os conceitos de orientação sexual e identidade de gênero.
https://doi.org/10.18569/tempus.v11i1.1924
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