Resumo
O ensino médico orientado para a comunidade constitui um dos fundamentos do preparo de futuros profissionais para o trabalho nos serviços de saúde e permite formação ampla para atendimento nos diversos níveis de cuidado. A instituição do programa mais médicos permitiu distribuição de profissionais em regiões com maior necessidade e mudanças nos processos de trabalhos na atenção básica. O curso de medicina da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) iniciou em 2015 atividades de inserção de alunos nas equipes de saúde com profissionais do programa. Este estudo visou identificar as percepções dos acadêmicos de medicina sobre a experiência de aprendizado na comunidade durante acompanhamento de equipes de saúde da família do programa mais médicos. Realizou-se estudo qualitativo através da técnica do grupo focal com voluntários da quarta série de graduação de medicina. O estudo constatou que alunos tiveram percepções positivas sobre a atuação dos médicos acompanhados, principalmente pela valorização da relação médico paciente e atendimento holístico. Entretanto, houve identificação de necessidade de atualização dos protocolos brasileiros de atendimento na atenção primária. Os discentes mudaram visão preconcebida sobre a baixa qualidade profissional do programa e passaram a aceitar melhor a experiência. A observação da realidade estrutural de postos de saúde foi considerada causa importante para que médicos evitem trabalhar no interior ou regiões isoladas. Os achados auxiliam no aprofundamento das discussões sobre políticas de provimento de médicos e sua interação com o ensino, ainda assim novos estudos precisam ser estimulados para avaliar outros aspectos e impactos ocasionados por esse tipo de programa.Referências
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