Resumo
Reações Adversas a Medicamentos (RAM) consistem numa resposta a um medicamento que é nociva e não intencional e que ocorre nas doses normalmente usadas. O aparecimento destas reações depende da predisposição do indivíduo, por isso os idosos caracterizam-se como população vulnerável. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo identificar a incidência das RAM em unidade de saúde. A pesquisa caracteriza-se com o enfoque em Farmacovigilância. Utilizou-se um questionário aplicado aos pacientes, e também houve coleta de dados secundárias. Identificou-se as RAM relacionadas aos fármacos empregados pelo paciente. Para identificar a relação causal entre as queixas relatadas e um eventual evento adverso ao fármaco, foi empregado o Algoritmo de Naranjo que visa realizar a classificação das reações adversas em escala de probabilidade de ocorrência. Este algoritmo consiste em dez perguntas objetivas, sendo cada uma pontuada conforme estipulado no Algoritmo, com base em sua importância em relação à identificação da reação adversa. A amostra foi constituída de 120 pacientes, sendo que a média de idade foi de 65 anos. A patologia de maior prevalência entre os pacientes entrevistados foi a hipertensão arterial sistêmica (85,8%), a diabetes mellitus tipo II (31,7%), dislipidemia (26,7%) e depressão (20,8%). A média do número de fármacos utilizados pelos pacientes entrevistados no presente estudo foi de 4 (±2,8), sendo as classes farmacológicas mais empregadas os diuréticos tiazídicos (62,5%), IECA (60,8%) e antidiabéticos (40,1%). Os sistemas relacionado com o maior número de RAM foi o sistema nervoso central (71,7%), seguido do sistema corporal (66,7%), TGI (62,6%) e epitelial (12,5%). A metodologia aplicada permitiu identificar um grande número de reações adversas: dezessete queixas no total foram identificadas como possíveis reações adversas, entre elas cefaléia, dor epigástrica (22%), depressão (8%), visão borrada (8%), diarréia (19%) e debilidade muscular (19%) com IECA; prurido (1%) e pele ressecada (7%) com diuréticos tiazídicos, diarréia (17%), constipação (3%), debilidade muscular (20%) com B-bloqueadores, urticária (67%) com diuréticos poupadores de potássio, a urticária (25%) e constipação (25%) com antagonistas H2, prurido (8%), insônia (77%) e depressão (8%) com antagonistas dos canais de cálcio, erupção cutânea (40%) com benzodiazepínicos, taquicardia (25%) e constipação (12%) com antidepressivos tricíclicos. Dez queixas como prováveis reações adversas, entre elas sonolencia (7%) e debilidade muscular (19%) com diuréticos tiazídicos, nervosismo (7%), tremores (15%), sonolência (7%), dor lombar (1%), hipotensão (4%), erupção cutânea (5%) com IECA, palpitação (47%), erupção cutânea (17%) e urticária (25%) com B-bloqueadores, debilidade muscular (100%) com benzodiazepínicos, boca seca (36%) com antidepressivos tricíclicos. Cinco queixas como reações adversas definidas, entre elas cãimbra (48%) com diuréticos tiazídicos, tosse seca (23%), prurido (1%) e taquicardia (8%) com IECA, insônia (50%) com ISRS. Estes dados confirmam achados prévios de que tais efeitos indesejáveis da farmacoterapia podem ser encontrados em idosos.