Abstract
Pensar na presença de indígenas no ensino
superior era até há pouco tempo utopia. Este
artigo enfoca discussões sobre a efetivação das
políticas de ações afirmativas para indígenas
no ensino superior do Brasil, que são recentes
1 Estudante indígena do curso de Medicina - Faculdade
de Medicina - FM - Universidade de Brasília - UnB,
pertencente ao povo Atikum do estado de Pernambuco;
2 Estudante indígena do curso de Medicina - FM / UnB,
pertencente ao povo Potiguara do estado da Paraíba;
3Estudante indígena do curso de Engenharia Florestal
- Faculdade de Tecnologia - UnB, pertencente ao povo
Kacokim do estado de Alagoas.
não porque a população indígena não tenha se
manifestado, mas sim por termos um país não
tinha abertura para tal diálogo. A diversidade
na universidade tem contribuído para o diálogo
e o entendimento. Relata-se que para concorrer
a vagas, os candidatos indígenas precisam
comprovar sua indianidade e firmar um termo
de compromisso com a comunidade indígena
que os indica. Esse processo de identificação é
complicado porque, ocasionalmente, por troca
de favores, parentes de fazendeiros e políticos
--já socialmente privilegiados-- terminam
usufruindo das vagas. Os indígenas sempre
estudaram em escolas públicas em situação
precária. Os autores relatam os problemas
relacionados com a chegada em Brasília e as
dificuldades geradas pela distância das aldeias.
Também relatam-se as experiências do convívio
no ambiente universitário da Universidade de
Brasília, onde em alguns casos, a turma ignora
e segrega os estudantes indígenas, e em outros,
os docentes os ignoram ou até são abertamente
contra sua presença. Questiona-se o papel da
FUNAI. Mesmo diante das dificuldades, os
primeiros índios começam a se formar. Com
orgulho e mantendo vivas suas tradições,
espera-se o reposicionamento da medicina
ocidental como complementar à medicina
Saúde Indígena Tempus - Actas de Saúde Coletiva
Revista Tempus Actas de Saúde Coletiva 110
tradicional.