Abstract
Os efeitos negativos da reestruturação produtiva sobre a saúde dos trabalhadores tem
colocado a temática Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), cada vez mais, nas agendas das corporações. Os enfoques hegemônicos de QVT, todavia, revelam limites: (a) no âmbito acadêmico, a ênfase das pesquisas é no alcance dos objetivos organizacionais e no aumento da produtividade; (b) no âmbito das organizações, o foco das práticas de QVT é aumentar a resiliência dos trabalhadores para suportarem a intensificação crescente do trabalho por meio da oferta de um “cardápio” atividades do tipo anti-estresse. Neste cenário, os trabalhadores 1 Professor Associado no Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB). Bolsista de produtividade do CNPq. Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Ergonomia Aplicada ao Setor Público (ErgoPublic). permanecem sendo a variável de ajustes das mudanças e as causas mais profundas do mal-estar no trabalho continuam intocáveis. O objetivo do artigo teórico é fornecer uma visão panorâmica da abordagem, de caráter contra-hegemônico, intitulada Ergonomia da Atividade Aplicada à QVT, explicitando seus fundamentos teóricos, metodológicos e suas implicações éticas. A promoção sustentável do
bem-estar nas organizações requer colocar os trabalhadores como os principais protagonistas da QVT. Tal protagonismo se concretiza pela efetiva participação dos trabalhadores na operacionalizando os diagnósticos e nas formulações de política e de programa de QVT.