Abstract
Gilson Dantas, médico e doutor em sociologia, aponta os vieses da prática médica atual na publicação «A Medicina dos Sintomas». O autor defende a tese de que o erro está no método, e não é à toa, nem por má vontade dos profissionais. Acima de tudo, o método praticado nos consultórios públicos e privados do país serviria ao capitalismo de várias maneiras. Dantas começa descrevendo o atendimento imediatista, que permite o pronto retorno do trabalhador a seu posto de trabalho. Nesta prática, prevalece uma abordagem rápida em que a comunicação é pautada puramente pelos sintomas. O paciente é reduzido a sua parte com problema ou até mesmo ao problema de sua parte. Promove-se o consumo de exames e prescreve-se a dependência de medicamentos, atendendo aos interesses de uma das indústrias mais lucrativas do mundo. Esse círculo se fecha com a produção de novos sintomas gerados pelos tratamentos químicos propostos (iatrogenia) e, assim, novas demandas por serviços desse mesmo tipo.