Abstract
O objetivo deste estudo foi analisar a percepção dos funcionários da limpeza em uma instituição pública de ensino superior sobre condições de trabalho e saúde no meio universitário, comênfase para os aspectos físico-ambientais e psicossociais que determinam a saúde deste grupo no ambiente onde estão inseridos. Foi conduzida uma pesquisa qualitativa, utilizando-se a técnica de entrevista em profundidade junto a 16 funcionários da limpeza de ambos os sexos. Os trabalhadores têm a percepção de que não são devidamente valorizados. A maioria afirmou que o trabalho influencia negativamente a saúde, principalmente devido a dores osteomusculares, alergia aos produtos químicos de limpeza, exaustão e estresse pela sobrecarga de trabalho e falta de colaboração da comunidade universitária. Além disso, todos possuem percepção negativa da terceirização, em decorrência da alta rotatividade de empresas que inviabiliza o cumprimento de direitos trabalhistas, como férias regulares e décimo terceiro salário. Conclui-se que os trabalhadores da limpeza estão submetidos a condições desfavoráveis de trabalho, de modo que a consolidação de um ambiente universitário promotor de saúde para o trabalhador pressupõe uma construção conjunta que envolva o trabalhador, o âmbito comunitário e o administrativo. Faz-se necessário o desenvolvimento de modelos de promoção de saúde para os trabalhadores terceirizados no ambiente estudado.References
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