Aproximações às vicissitudes e superações do trabalho do Agente Comunitário de Saúde.
PDF (Português (Brasil))
PDF

How to Cite

Flumian, R. B., & Fioroni, L. N. (2018). Aproximações às vicissitudes e superações do trabalho do Agente Comunitário de Saúde. Tempus – Actas De Saúde Coletiva, 11(2), Pág. 179–198. https://doi.org/10.18569/tempus.v11i2.2026

Abstract

O modelo de cuidado da Estratégia de Saúde da Família pautado no papel do Agente Comunitário de Saúde (ACS), desafia refletir sobre as condições de trabalho e a saúde deste trabalhador. Destacam-se as diversas fontes de desgaste e sofrimento no trabalho e a insuficiência de métodos de apoio a esse trabalhador no seu cotidiano. Considerando esta fragilidade, investigamos o trabalho de 8 agentes comunitários de saúde a partir da Técnica de Grupo Focal, buscando conhecer e analisar as fontes e tipos de sobrecargas provenientes da atividade laboral, as condições de trabalho, o vínculo empregatício, a formação e o papel chave deste trabalhador na Atenção Básica. O corpus de análise consistiu da transcrição de seis sessões de grupo focal. Como produto destacamos sete núcleos de sentidos organizados a partir de quatro eixos temáticos: Vitaminas (motivações para exercer seu papel profissional), Espinhos (dificuldades para exercer o trabalho), Frutos (resultados observados e valorizados decorrentes do trabalho) e Ferramentas (instrumentais utilizados). Destacaram-se a relevância da estabilidade; o maior reconhecimento do uso de tecnologias leves (vínculo afetivo) do que o êxito técnico do trabalho, que está vinculado a uma ação secundária do ACS originada no procedimento médico; o duplo vínculo com a comunidade (morador e profissional de referência) tensiona a identidade do ACS. A identificação das fontes de sofrimento possibilitou problematizar localmente os efeitos para a saúde mental do trabalhador e para a qualidade do trabalho realizado. Ratificamos as potencialidades do Grupo Focal como estratégia de investigação e intervenção na atenção básica.
https://doi.org/10.18569/tempus.v11i2.2026
PDF (Português (Brasil))
PDF

References

Referências Bibliográficas

Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Brasília, DF, Senado,1988.

Elias, P.E. et al. Atenção Básica em Saúde: comparação entre PSF e UBS por estrato de exclusão social no município de São Paulo. Ciência & Saúde Coletiva, v.11, n.3, p.633-641, 2006.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Brasília, 2011.

Lancaman, S. et al. Repercussões da violência na saúde mental de trabalhadores do Programa Saúde da Família. Rev. Saúde Pública, vol.43, n.4, p.682-688, 2009.

Merhy, E.E.; Franco, T.B. Por uma Composição Técnica do Trabalho Centrada nas Tecnologias Leves e no Campo Relacional. Saúde em Debate, Ano XXVII, v.27, n. 65, Rio de Janeiro, Set/Dez de 2003.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. O trabalho do Agente Comunitário de Saúde. Brasília, 2000.

Mendes, F.M. de S.; Ceotto, E.C. Relato de Intervenção em Psicologia: identidade social do agente comunitário de saúde. Saúde e Soc. São Paulo, v.20, n.2, p.496-506, 2011.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. O trabalho do agente comunitário de saúde. Brasília. Série F. Comunicação e Educação em Saúde. 2009.

Lima; J.C.; Moura, M.C. Trabalho Atípico e Capital Social: os agentes comunitários de saúde na Paraíba. Sociedade e Estado, Brasília, v. 20, n. 1, p. 103-133, jan./abr. 2005.

Brasil. Lei nº 10507, de 10 de julho de 2002. Cria a Profissão de Agente Comunitário de Saúde e dá outras providências. Brasília, DF, 2002.

Obregón, P.L.; Diamente, C.; Sakr, M. Contribuição na formação dos agentes comunitários de saúde. Rev. Varia Scientia, v. 09, n. 15, p. 45-55, jan/jul 2009.

Silva, J.A.; Dalmaso, A.S.W. O agente comunitário de saúde e suas atribuições: os desafios para os processos de formação de recursos humanos em saúde. Interface – Comunic., Saúde, Educ. v.6, n10, p.75-96, fev 2002.

Ferreira, V.S.C; et al. Processo de trabalho do agente comunitário de saúde e a reestruturação produtiva. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.25, n.4, p.898-906, abr. 2009.

Martinez, W.R.V; Chaves, E.C. Vulnerabilidade e sofrimento no trabalho do Agente Comunitário de Saúde no Programa de Saúde da Família. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 41, n.3, p. 426-33, 2007.

Silva, A.T.C.; Menezes, P.R. Esgotamento profissional e transtornos mentais comuns em agentes comunitários de saúde. Rev. Saúde Pública, v.42, n.5, p. 921-929, 2008.

Jardim, T.A.; Lancman, S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma

comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface. Comunicação, Saúde, Educação. v.13, n.28, p.123-35, jan./mar. 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 4. ed. Brasília, 2008.

Gatti, B. A. Grupo Focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Brasília: Liber Livro Editora, 2005.

Gondim, S.M. Grupos focais como técnica de investigação qualitativa: desafios metodológicos. Paidéia. V.2(24):149-161, 2003.

Lervolino, A.S.; Pelicioni, M.C.F. A utilização do grupo focal como metodologia qualitativa na promoção da saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 35, n. 2, p. 115-121, São Paulo, 2001.

Minayo, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8ª edição. São Paulo: Ed. Hucitec, 2004.

Bachilli, R.G.; Scavassa A.J.; Spiri, W.C. A identidade do agente comunitário de saúde: uma abordagem fenomenológica. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 51-60, jan./fev. 2008

Vilela, R.A.G.; Silva, R.C.; Filho, J.M.J. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre Agentes Comunitários de Saúde. Rev. bras. Saúde ocup., v.35, n.122, p.289-302, São Paulo, 2010.

Queirós, A.A.L.; Lima, L.P. A institucionalização do trabalho do agente comunitário de saúde. Trab. Educ. Saúde, v.10, n.2, p.257-281, Rio de Janeiro, jul./out.2012.

Reis, M.A.S.; Fortuna, C.M.; Oliveira, C.T.; Durante, M.C. A organização do processo de trabalho em uma unidade de saúde da família: desafios para a mudança das práticas. Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.11, n.23, p.655-66, set/dez 2007.

Dejours, C. A Loucura do Trabalho: Estudo de Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Cortez. 1987

Mendes, A.M.; Morrone, C.F. Vivências de prazer – sofrimento e saúde psíquica no trabalho: trajetória conceitual e empírica. In MENDES, A. M.; BORGES, L. O.; FERREIRA, M. C. (Org) Trabalho em Transição, Saúde em Risco. Brasília, Editora Unb, 2002.

Rosa, A.J; Bonfanti, A.L.; Carvalho, C.S. O sofrimento psíquico de Agentes Comunitários de Saúde e suas relações com o trabalho. Saúde Soc, v.21, n.1, p.141-152, São Paulo, 2012.

Pupin, V.M. Agentes comunitários de saúde: concepções de saúde e do seu trabalho. 2008. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2008.

Figueiras, A.S.; Silva, A.L.A. Agente Comunitário de Saúde: um novo ator no cenário da saúde no Brasil. Physis Revista de Saúde Coletiva, v.21 n.3, p. 899-915, Rio de Janeiro, 2011.

Westphal, F.M; Bógus, C.M; Mello Faria, M. de. Grupos focais: experiências precursoras em programas educativos em saúde no Brasil. Bol. Oficina Sanit. Panam., v.120, n.6, p.472-481, 1996.

Dall’agnol, C.M; Trench, M.H. Grupos focais como estratégia metodológica em pesquisas na enfermagem. Rev. Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v.20, n.1, p.5-25, jan. 1999.

Rocha, M.L; Aguiar, K.F. Pesquisa-intervenção e a produção de novas análises. Psicol. Cienc. e Prof., v.23, n.4. p. 64-73, Brasília. dez. 2003.