Abstract
O Hospital de Ensino, como as demais áreas do
campo da saúde, é um espaço social complexo,
saturado de normas, saberes, tecnologia,
relações de poder e de constante contato com
o “objeto” vida/morte. Nele, a luta pela defesa
da vida está em tensão permanente com a
heterogeneidade da estrutura epidemiológica,
com a ampliação da demanda e com o
agravamento das múltiplas expressões da
questão social que marcam a vida na sociedade
moderna. Nesse meio, a formação para o
trabalho das diversas profissões é marcada
pelo encontro/confronto com diversas lógicas,
saberes e temporalidades. O artigo analisa o
encontro entre experiência e conhecimento
que se realiza na atividade do supervisor de
campo de estudantes-estagiários durante o
estágio supervisionado em Serviço Social
no hospital de ensino público. Enfatiza que, como nas demais profissões da saúde, o
supervisor de estágio enfrenta o desafio de
fazer da atividade de trabalho o locus onde
ensina a cuidar da vida do outro. Utilizando
as ferramentas conceituais da Ergologia
- ECRP, corpo-si, dramáticas do uso de si -
coloca em discussão a concepção vigente do
estágio como “campo de treinamento” por
julgá-la herdeira de outra lógica, a do trabalho
como execução. Explicita a relação de
interdependência e de indissociabilidade entre
os conhecimentos da disciplina epistêmica
(polo 1), da disciplina ergológica (polo 2) e
a tensão permanente entre os valores semdimensão
e os dimensionáveis (polo 3).
Aponta que na atividade de supervisão, os
saberes de natureza híbrida são tensionados
por diversas temporalidades que circulam
nesse ECRP.