Abstract
Com base em dados etnográficos obtidos em pesquisa de campo realizada em comunidades ribeirinhas do rio Tapajós, Estado do Pará, pretendo, neste artigo, abordar a percepção e a reação desses ribeirinhos à prescrição e internação em ambiente hospitalar. Tomo o hospital como momento e espaço de um sinuoso itinerário terapêutico depois de a pessoa doente buscar cuidados com os especialistas locais de cura, agentes comunitários de saúde, postos de saúde e centros de saúde. Nesse contexto, a internação prescrita pelo médico é apreendida como diagnóstico indicativo da gravidade da doença, especialmente se a obtenção do tratamento exigir o deslocamento para cidades cada vez mais distantes da comunidade onde o doente reside. O ambiente hospitalar é apreendido comparativamente ao ambiente doméstico e comunitário, e os serviços dos profissionais de saúde em relação aos cuidados dispensados pelos especialistas locais de cura.