Resumo
A pesquisa apresentada neste artigo se propôs a investigar o significado da sífilis entre homens, apoiando-se na Teoria das Representações
Sociais. Foram entrevistados 265 homens, com os quais se utilizou da técnica de evocação livre, tendo como o termo indutor “a sífilis”. Para a
análise dos dados foram efetuadas estatísticas descritivas, análise lexical do discurso com apoio do software ALCESTE, análise da estrutura das representações sociais com apoio do software EVOC e teste de centralidade das palavras principais. A análise lexical identificou duas grandes matrizes de sentido: “a doença” e “a doença sexual”. A primeira reúne o discurso de homens mais jovens e mais escolarizados, centrado na prevenção e tratamento da doença. A segunda matriz reúne o discurso de homens adultos e menos escolarizados, e revela um discurso permeado de crendices e superstições, ligando a doença a práticas sexuais consideradas impuras. Na estrutura das representações sociais a sífilis aparece associada aos elementos DST, sexual, tratamento, preservativo, prevenção, sangue e perigo. Observou-se, nestas representações sociais, um amálgama de ideias, crenças e valores que fazem coexistir, de um lado, elementos mais recentes da história da sífilis, como tratamento, prevenção e preservativos e, de outro, elementos mais arcaicos, como sangue e perigo.