Abstract
Invisibilizadas em diversos aspectos, as doenças negligenciadas estão diretamente relacionadas a situações de pobreza e são perpetuadas por elas, atingindo cerca de um sexto da população mundial. Estas doenças de caráter endêmico são alvo de negligenciamento também pela mídia, que, de modo geral, as silencia. O objetivo do estudo foi mensurar o grau de influência que uma assessoria de imprensa de uma instituição pública de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde pode exercer na mídia e, por consequência, perante a opinião pública a partir de sua atuação. Foi realizado um estudo de caso com base em estratégias de assessoria para divulgação da nova fase de uma vacina contra a esquistossomose e a partir desse fato, mensurou-se o nível de alinhamento entre o press release elaborado pela instituição e o conteúdo jornalístico veiculado em meio impresso em todo o Brasil, buscando-se aproximações e distanciamentos entre os discursos produzidos e reproduzidos. Os resultados evidenciaram a abordagem e circulação de fatores socioeconômicos da doença em destaque perante aspectos técnico-científicos e biomédicos, normalmente privilegiados nessas narrativas jornalísticas. O estudo conclui que o uso estratégico das assessorias pode ser favorável não só às demandas institucionais, mas também às pautas sociais, e que pode haver interesses diversos nas escolhas de atores e fatores silenciados nesse processo noticioso. Além dos aspectos quantificáveis, a análise tomou como referências o conceito ampliado de saúde, a atuação do SUS e a relação dos determinantes sociais da saúde com as doenças negligenciadas.References
- Souza, W. (org). Doenças negligenciadas. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 2010;
- OMS. Working to overcome the global impact of neglected diseases: First WHO report on neglected tropical diseases. Genebra, 2010;
- Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Website do MS, disponível em: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/esquistossomose , acesso em out/2019;
- Fundação Oswaldo Cruz. Carta de Serviços. 3ª edição, Presidência, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2014;
- Kunsch, MMK. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2003;
- Fundação Oswaldo Cruz. Manual de Assessoria de Imprensa da Fundação Oswaldo Cruz. CCS, Fiocruz. Rio de Janeiro, 2009;
- Duarte, J. (org.). Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a mídia: teoria e técnica. São Paulo: Editora Atlas, 2002;
- Clébicar, T e Lerner, K. Assessores de Imprensa na Saúde: os mediadores dos mediadores. Intercom, 39º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação: São Paulo. 5 a 9/9/2016;
- Aguiar, RC. Fazer o bem sem olhar a quem? Visibilidades e invisibilidades discursivas sobre a doação de medicamentos para doenças negligenciadas. Tese. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2016.
- Araújo, IS.; Moreira, AdL; Aguiar, RC. Doenças negligenciadas, comunicação negligenciada. Apontamentos para uma pauta política e de pesquisa. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, 2013. [acesso em 20 de setembro de 2019]; 6(4). Disponível em https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/9660
- Fundação Oswaldo Cruz. Relatório de mídia. Coletiva de Imprensa: anúncio do início da Fase II da vacina brasileira para esquistossomose. Rio de Janeiro, Agosto de 2016;
- Pena, F. Teoria do Jornalismo. 3ªed. São Paulo: Contexto, 2013.
- Lage, N. Teoria e técnica do texto jornalístico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
- Buss, PM; Pellegrini Filho, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis: revista de saúde coletiva, 17, p. 77-93; 2007
- Martins, A. O fim da barriga d’água. Correio da Paraíba. 3 de Agosto de 2016; Cidades: B2.
- Redação. Fiocruz testa vacina contra esquistossomose. A Tribuna. 27 de Agosto de 2016; Ciência e Tecnologia: 34.
- Redação. Vacina contra esquistossomose. O Tempo. 27 de Agosto de 2016; Brasil: 18.
- Coutinho, R. Schitosoma: saneamento é a saída. Folha de Pernambuco. 27 de Agosto de 2016; Cotidiano: 4.
- Leite, C. Para barrar a esquistossomose. Jornal do Commercio. 27 de agosto de 2016; Cidades: 11.
- Folhapress. Vacina contra esquistossomose chega ao SUS. Diário da Manhã. 28 de Agosto de 2016; Saúde: 3.
- Lopes, RJ. Fiocruz testa vacina para esquistossomose. Folha de São Paulo. 27 de Agosto de 2016; Saúde+ciência: B7.
- Redação. Vacina de esquistossomose inicia fase final de testes. Extra. 27 de Agosto de 2016; Bem-Viver: 18.
- Redação. Vacina contra esquistossomose feita no Brasil terá teste decisivo. Diário da Manhã. 27 de Agosto de 2016; Cidade: 2.
- Villela, F. Agência Brasil. Vacina contra a esquistossomose no SUS em 3 anos. Folha de Londrina. 27 de Agosto de 2016; Geral: 6.
- Agência Brasil. Saúde. SUS terá vacina contra a esquistossomose em 2020. O Povo. 27 de Agosto de 2016; Brasil: 20.
- Wolf, M. Teorias da Comunicação. Lisboa: Editora Presença, 1999.
- Redação. Vacina contra a esquistossomose. Correio Braziliense. 27 de Agosto de 2016; Ciência: 17.
- Agência Estado. Fiocruz começará a testar primeira vacina contra a esquistossomose no mundo. Diário do Amazonas 28 de agosto de 2016; Radar de Notícias: 38.
- Cavaca, AG. Doenças midiaticamente negligenciadas: cobertura e invisibilidade de temas sobre saúde na mídia impressa. Tese. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2015.
- Cavaca, AG; Vasconcellos-silva, PR. Doenças midiaticamente negligenciadas: uma aproximação teórica. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 2015 [acesso em 30 de setembro de 2019]; 19(52), p.83-94. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0205.
- Paim, JS. O que é o SUS. Editora Fiocruz: Rio de Janeiro, 2009.
- Tiburtino, GQT. Produção e circulação de notícias sobre doenças negligenciadas sob o agendamento da assessoria de imprensa de uma instituição pública de ciência, tecnologia e inovação em saúde: a vacina para esquistossomose na mídia impressa. 2017. 54 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Informação e Comunicação em Saúde)-Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2017.
- Machado, IB. Percepções sobre o SUS: o que a mídia mostra e o revelado em pesquisa. In: Lerner K, Sacramento I. Saúde e jornalismo: interfaces contemporâneas. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2014. p. 235-50.
- De Lavor, A. “Cegueira seletiva” enxerga produtos e esconde necessidades. Radis Comunic Saude. [Internet], 2011 abr [acesso em 10 de Out 2019]; Disponível em: http://www6.ensp.fiocruz.br/radis.
- Vianna, CMM. Estruturas do Sistema de Saúde: do Complexo Médico-industrial ao Médico-financeiro. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 12(2): 375-390, 2002. [acesso em 3 de outubro de 2019]. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/physis/v12n2/a10v12n2.pdf
- Romeyer H, Moktefi A. Pour une approche interdisciplinaire de la prévention. Revue Communication et Langages; 176: 33-47, 2013.