Resumo
Este artigo analisa as obras de Pierre Bourdieu, e por meio delas, realiza um esboço de uma teoria geral dos campos, ausência assumida pelo autor e por ele encarada como um vade-mécum. A despeito desse temor e do perigo de reducionismo inerente a tal tarefa, julgo importante ensaiar essa síntese, dadas a complexidade do pensamento do autor aliada a uma escrita por vezes acachapante e barroca, as imprecisões de tradução, a existência de textos não traduzidos e, por fim, lacunas explicativas da própria proposta de Bourdieu. À luz de meus próprios trabalhos e investigações, proponho o conceito de epifania como chave de um prolongamento possível de seus trabalhos, neles introduzindo um caráter epistemológico que açambarque também os aspectos de transformação dos habitus dos agentes sociais e dos grupos sociais, contrapondo, dessarte, os aspectos de mudanças sociais inscritos nos habitus individuais aos aspectos mais deterministas necessariamente enfatizados a revezes na obra bourdieusiana. Com este artigo, espero contribuir com conceitos e ferramentas capazes de fundamentas pesquisas na área da saúde, ainda carente de referenciais teóricos estruturais advindos das ciências sociais.