Resumo
Este artigo examina a mídia e a cultura jornalística na comunicação em saúde, concentrando-se mais especificamente nas formas como os jornalistas lidam com a saúde na mídia. A análise é baseada em vários estudos realizados com jornalistas e vários grupos populacionais no Canadá e no Brasil. O artigo demonstra que há certa consistência no tratamento jornalístico dos cuidados de saúde e que esse tratamento nem sempre é em benefício da sociedade. A profissão do jornalismo está mudando rapidamente e, como aspectos importantes desse cenário, podem-se citar: o rápido fluxo e a oferta abundante de informações, o ritmo da produção de notícias e o lugar das demandas dos cidadãos. Tais aspectos demonstram que há uma profunda transformação da produção de informações realizada por jornalistas; além disso, as pessoas tendem a recorrer mais à mídia do que aos profissionais de saúde para obter informações sobre os riscos e, portanto, estão expostas às normas sociais em relação à saúde. Considerando a influência da mídia na comunicação em saúde, este artigo questiona a mídia e a cultura jornalística por meio de uma lente ética, abordando a responsabilidade do jornalista em relação à cobertura da mídia, à produção da notícia (fonte, tratamento e tom), à convergência e seu efeito sobre a saúde da população. Como principais achados, apontamos que o jornalismo precisa investir em uma comunicação em saúde mais efetiva, que esteja compromissada com o bem-estar dos cidadãos, por meio de tratamento e detalhamento de informações que permitam o amparo do processo de tomada de decisões por parte da população.