Resumen
O ensino médico orientado para a comunidade constitui um dos fundamentos do preparo de futuros profissionais para o trabalho nos serviços de saúde e permite formação ampla para atendimento nos diversos níveis de cuidado. A instituição do programa mais médicos permitiu distribuição de profissionais em regiões com maior necessidade e mudanças nos processos de trabalhos na atenção básica. O curso de medicina da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) iniciou em 2015 atividades de inserção de alunos nas equipes de saúde com profissionais do programa. Este estudo visou identificar as percepções dos acadêmicos de medicina sobre a experiência de aprendizado na comunidade durante acompanhamento de equipes de saúde da família do programa mais médicos. Realizou-se estudo qualitativo através da técnica do grupo focal com voluntários da quarta série de graduação de medicina. O estudo constatou que alunos tiveram percepções positivas sobre a atuação dos médicos acompanhados, principalmente pela valorização da relação médico paciente e atendimento holístico. Entretanto, houve identificação de necessidade de atualização dos protocolos brasileiros de atendimento na atenção primária. Os discentes mudaram visão preconcebida sobre a baixa qualidade profissional do programa e passaram a aceitar melhor a experiência. A observação da realidade estrutural de postos de saúde foi considerada causa importante para que médicos evitem trabalhar no interior ou regiões isoladas. Os achados auxiliam no aprofundamento das discussões sobre políticas de provimento de médicos e sua interação com o ensino, ainda assim novos estudos precisam ser estimulados para avaliar outros aspectos e impactos ocasionados por esse tipo de programa.Citas
Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. Brasília, DF: O Ministério; 2014.
Brasil. Universidade Federal do Amapá, UNIFAP. Pró-Reitoria de Ensino e Graduação. Projeto Pedagógico do Curso de Medicina. Macapá, 2013.
Brasil. Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013. Instituição do Programa Mais Médicos. Diário Oficial da União 23 out 2013.
Veiga L, Gondim SMG. A utilização de métodos qualitativos na ciência política e no marketing político. Opinião Pública. 2001; 7(1), 1-15..
Bardin L. Análise de conteúdo (Edição revista e actualizada). Lisboa: Edições, 70., 2009
Associação Médica Mundial. Declaração de Helsinque. Princípios éticos para a pesquisa em seres humanos. Helsinque, 1964.
Brasil. Conselho Nacional de Saúde.. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf. Acesso em: 25 ago. 2015.
Oliveira FP, Vanni T, Pinto HA, Santos JTR, Figueiredo AM, Araújo SQ, Matos MFM. Mais Médicos: um programa brasileiro em uma perspectiva internacional. 2015
Brasil. Conselho Federal de Medicina, CFM., Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, CREMESP. Demografia Médica no Brasil. Cenários e indicadores de distribuição Vol 2. 2013.
Ribeiro RC. Programa Mais Médicos–um equívoco conceitual. Revista Ciência & Saúde Coletiva. 2015; 20(2).
dos Santos FrancoI CAG, CubasI MR, FrancoI RS. Currículo de Medicina e as Competências Propostas pelas Diretrizes Curriculares. Revista Brasileira de Educação Médica. 2014; 38(2), 221-230.
dos Santos SEQUEIRA, D. H., & LIMA, D. M. A. “Todo estrangeiro para brasileiro é cubano?”: Identidade de médicas de cabo verde em cuba e no brasil.-DOI: 10.5216/teri. v4i1. 34004. Revista Terceiro Incluído. 2014; 4(1), 116-134.
dos Santos FrancoI CAG, CubasI MR, FrancoI RS. Currículo de Medicina e as Competências Propostas pelas Diretrizes Curriculares.Revista Brasileira de Educação Médica. 2014; 38(2), 221-230.
Troncon, LDEA. Ensino clínico na comunidade. Medicina (Ribeirao Preto. Online). 1999; 32(3).
Oliveira HL. Medical education and development. World Health Organization Regional Office for the Eastern Mediterraneum, EMRO/71/370, 1971.
Silveira RP, Pinheiro R. Entendendo a necessidade de médicos no interior da Amazônia-Brasil. Rev. bras. educ. méd. 2014; 38(4), 451-459.
Fernandes, JCL. A quem interessa a relação médico-paciente. Cad Saúde Pública, 9(1), 21-27.1993.