Resumo
O objetivo deste trabalho foi sistematizar as informações epidemiológicas sobre a distribuição da cárie dentária entre os povos indígenas localizados no Brasil na primeira década do século XXI. Com base em estudos referentes ao período, são discutidas as distintas possibilidades de transição em saúde bucal e as implicações mais relevantes para a formulação de políticas públicas para implementação de programas de atenção à saúde. Nota-se que as informações epidemiológicas disponíveis limitam-se a uma pequena parcela dos grupos indígenas no Brasil e a maioria dos estudos é do tipo transversal. Não obstante, é possível verificar que o quadro epidemiológico da saúde bucal dos povos indígenas no Brasil no início do século XXI é bastante complexo e diversificado. Em contraste com a população brasileira, na qual se tem observado tendência de redução da cárie, há evidências que certas populações indígenas, estão experimentando um processo inverso de transição. Os autores reforçam a necessidade de enfatizar a dimensão preventiva da cárie nos programas de saúde bucal desenvolvidos pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) e concluem que o grande desafio a ser enfrentado pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) é implementar programas de saúde bucal sensíveis às especificidades locais e garantir sua sustentabilidade a fim de reduzir as conhecidas desigualdades entre indígenas e não-indígenas