DESAFIOS À AMPLIAÇÃO DA COBERTURA DA FLUORETAÇÃO DA ÁGUA EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS COM MAIS DE 50 MIL HABITANTES NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XXI
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Roncalli, A. G., Noro, L. R. A., Zilbovicius, C., Ely, H. C., Pinheiro, H. H. C., Narvai, P. C., & Frazão, P. (2020). DESAFIOS À AMPLIAÇÃO DA COBERTURA DA FLUORETAÇÃO DA ÁGUA EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS COM MAIS DE 50 MIL HABITANTES NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XXI. Tempus – Actas De Saúde Coletiva, 14(1), Pág. 161–173. https://doi.org/10.18569/tempus.v14i1.2668

Resumen

Embora a fluoretação da água de abastecimento público seja um importante determinante para explicar o declínio da cárie dentária nos países que implementaram sua provisão, é grande o desafio para assegurar sua expansão para todas as regiões e territórios. O objetivo do estudo foi determinar as características dos municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes correlacionadas com a cobertura da fluoretação da água. Estudo ecológico transversal com 614 municípios cujo desfecho é representado pela cobertura populacional da política pública e as variáveis independentes referem-se a indicadores municipais socioeconômicos, de saneamento e de serviços de atenção primária à saúde. As relações foram analisadas por meio de regressão linear múltipla. Na análise ajustada (R2=0,39), a cobertura populacional correlacionou-se positivamente com a renda familiar per capita e negativamente com desigualdade da renda, água e esgoto inadequados, cobertura potencial da saúde bucal na estratégia saúde da família. Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste (R2=0,33), analfabetismo e nível de desenvolvimento humano mostraram correlação positiva, enquanto desigualdade de renda e saneamento inadequado apresentaram correlação negativa. Já nas regiões Norte e Nordeste (R2=0,40), saneamento inadequado e nível de desenvolvimento humano mostraram correlação negativa. As desigualdades na expansão dos serviços de saneamento e dos sistemas de vigilância da concentração do fluoreto entre as regiões brasileiras trazem importantes desafios nas próximas décadas que vão requerer sua inclusão na agenda regulatória dos respectivos setores e a implementação de mecanismos de coordenação intersetorial da política pública.
https://doi.org/10.18569/tempus.v14i1.2668
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